quarta-feira, 2 de novembro de 2011

SINTOMAS DA MORTE - SOB A ÓTICA MÉDICA
 


A morte poder-se-á definir como a cessação total e permanente das funções vitais; alguns
autores afirmam que não é um momento, é um processo que se vai desenrolar ao longo do
tempo.
Numa perspectiva médico-legal este processo vai-se arrastar no tempo e dá lugar ao
aparecimento de um conjunto de fenómenos que são objecto de estudo, de interpretação e que muitas vezes se revelam importantíssimos na investigação criminal.

                                   O PÓS-MORTE
                     
Os fenômenos post-mortem devem ser conhecidos para além do médico que faz a autópsia, por todos aqueles que participam na investigação criminal (forças policiais que se
deslocam ao local onde apareceu o cadáver) e também dos advogados e juízes que vão receber os relatórios da autópsia e têm que ter um entendimento preciso sobre a sequência fenomenológica da evolução do cadáver e da terminologia médico-legal empregue para a descrever, sob pena de fazerem interpretações erradas e considerar como lesões traumáticas fenómenos que resultam da normal evolução da putrefacção cadavérica.
Os fenômenos devidos à cessação das funções vitais podem ser divididos em dois grandes grupos:
Abióticos
Imediatos:
Paragem cardiorespiratória

Imobilidade do cadáver
Abolição da motilidade e tónus muscular
Ausência de circulação
Dilatação pupilar
Abertura das pálpebras e da boca
Relaxamento esfincteriano (perda de fezes; urina e esperma)
Perda de consciência, de sensibilidade (táctil, térmica e dolorosa)
Tardios
Desidratação
Arrefecimento do corpo
Livores cadavéricos (hipostases viscerais)
Rigidez cadavérica (rigor mortis)
Flacidez cadavérica

Transformativos
Destrutivos
Autólise - por acidificação dos tecidos
Putrefação

Organismos
Aeróbios
Aeróbios facultativos
Anaeróbios
Fases de Evolução
Coloração (mancha verde de putrefacção)
De produção de gás (enfisema putrefactivo)
De liquefação
De esqueletização
Conservadores
Saponificação (condições para o seu aparecimento, formação da adipocera, aspecto do cadáver saponificado)
Mumificação (condições para o seu aparecimento, aspecto do cadáver mumificado)
Corificação (condições para o seu aparecimento, aspecto do cadáver corificado).


ENTÃO DEPOIS DESTES SINTOMAS CONSTATA-SE A MORTE FÍSICA, APÓS INÚMERAS INCISÕES, MEDIÇÃO DE LIQUENS ETC...A NÍVEL FÍSICO!!!



Á NÍVEL ESPIRITUAL O QUE ACONTECE?!?!?

Na transição da vida corporal para a espiritual, produz-se um fenômeno de importância capital: a perturbação. Nesse instante a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações, de modo que quase nunca testemunha conscientemente o derradeiro momento. Apenas em poucas situações pode a alma contemplar conscientemente o desprendimento.

A perturbação pode, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos.
Em algumas pessoas ela é de curtíssima duração, quase imperceptível, e nada tem de dolorosa - poderia ser comparada como um leve despertar.
Em outras pessoas, o estado de perturbação pode durar muitos anos, até séculos, e pode configurar um quadro de sofrimento severo, com angústia e temores acerbos.
Lembra Allan Kardec que no momento da morte tudo à princípio é confuso; a alma necessita de algum tempo para se reconhecer; sente-se como atordoada, no mesmo estado de um homem que saísse de um sono profundo e procurasse compreender a situação.

A lucidez das idéias e a memória do passado voltam, lentamente, à medida que se extingue a influência da matéria e que se dissipa essa espécie de nevoeiro que lhe turva os pensamentos.
Essa perturbação pode apresentar características particulares, dependendo do caráter do indivíduo.
Muitos indivíduos não se identificam como desencarnados e continuam freqüentando os ambientes tradicionais, sem se aperceberem da morte. Outros, entram em quadro de loucura psíquica, perdendo a completa noção de tempo e de esforço com a desagregação de sua personalidade.
Alguns Espíritos mergulham em sono profundo e nesse estado ficam durante um tempo muito variável.
Um fenômeno que parece ser geral, e que ocorre neste período, é aquilo que os autores chamam de "Balanço existencial". Os principais fatos da vida do desencarnante deslizam diante de sua mente, numa velocidade espantosa, e ele revê a si mesmo em quase todos os grandes lances de sua encarnação.

André Luiz afirma que tal mecanismo automático, é de importância no processo evolutivo do Espírito, pois vai imprimir magneticamente nas células do corpo espiritual as diretrizes a que estarão sujeitas, dentro do novo ciclo de evolução em que ingressam.O estado de perturbação varia, imensamente, de pessoa para pessoa. Os fatores que vão influenciar na duração e na profundidade desse estado são:
Conhecimento do Mundo Espiritual
 
Os Benfeitores Espirituais informam [LE-qst 165] que o conhecimento do Espiritismo exerce uma grande influência sobre a duração maior ou menor da perturbação, pois o Espírito que tem informação precisa a respeito do mundo espiritual compreende antecipadamente a sua situação.
Léon Denis [O Problema do Ser, do Destino e da Dor] acrescenta:
"O conhecimento que nos tiver sido possível adquirir das condições da vida futura exerce grande influência em nossos últimos momentos; dá-nos mais segurança; abrevia a separação da alma."
Idade
Os extremos da vida são os períodos da existência em que o desencarne se processa, geralmente com maior facilidade. Na criancinha, o processo encarnatório ainda não completou-se definitivamente, e no idoso, os laços que mantêm unidos o corpo espiritual ao corpo físico, estão mais frágeis, débeis, fáceis de serem rompidos.
A respeito do desencarne na infância Richard Simonetti diz:

"O desencarne na infância, mesmo em circunstâncias trágicas, é bem mais tranqüilo, porquanto nessa fase o Espírito permanece em estado de dormência e desperta lentamente para a existência espiritual. Alheio às contingências humanas ele se exime de envolvimento com vícios e paixões que tanto comprometem a experiência física e dificultam um retorno equilibrado."
Tipo de Morte
As mortes súbitas, traumáticas acompanham-se geralmente de um estado de perturbação maior. A doença crônica, arrastada, facilita o desligamento do Espírito e a sua identificação com a vida pós-túmulo.

"Em todos os casos de morte violenta, os liames que unem o corpo ao perispírito são mais tenazes, e o desprendimento completo é mais lento." [LE-qst 162]
"Na morte natural que se verifica pelo esgotamento da vitalidade orgânica, em conseqüência da idade, o homem deixa a vida sem perceber; é uma lâmpada que se apaga." [LE-qst 154]
Manoel Philomeno Miranda [Nas Fronteiras da Loucura] completa o assunto dizendo:

"Nas desencarnações violentas, o período e intensidade de desajuste espiritual correspondem à responsabilidade que envolveu o desencarnante no processo fatal. Acidentes onde o desencarnante não tem uma culpa atual, passando o brusco choque, o período perturbador tem curta duração. O mesmo não ocorre em condições de intemperança, quando o descometido passa a ser incurso na condição de suicida indireto. O mesmo sucede nos casos de homicídio, em que a culpa ou não de quem tomba responde pelos efeitos, em aflições, que prossegue experimentando."

ATITUDE DA FAMÍLIA
Léon Denis examinando a questão diz:
"No estado de perturbação, a alma tem consciência dos pensamentos que se lhe dirigem. Os pensamentos de amor e caridade, as vibrações dos corações afetuosos brilham para ela como raios na névoa que a envolve: ajudam-na a soltar-se dos últimos laços que a acorrentam à Terra, a sair da sombra em que está imersa."
O posicionamento mental dos familiares ante o desencarne será de fundamental importância na recuperação do Espírito. Pensamentos de revolta e desespero o atingem como dardos mentais de dor e angústia, dificultando a sua recuperação.
André Luiz mostra que a atitude inconformista da família pode criar "teias de retenção", prendendo o Espírito ao seu corpo. A tão comum "melhora para morrer" (onde o enfermo tem uma súbita melhora para depois falecer), usado pela espiritualidade para facilitar o desligamento.
VELÓRIO
 
O que vem a ser velório? Segundo o dicionário, é o:
"Ato de velar com outros um morto; de passar a noite em claro onde se encontra exposto um morto."
Normalmente o que se observa é que ao invés de pacificar o Espírito, hóspede do corpo morto, as pessoas, despreparadas, não levam a ele o apoio preciso, permanecendo alheias às verdades espirituais e o bombardeiam inconscientemente emitindo raios mentais desequilibrados.
Velório comumente é um ponto de encontro ou reencontro, forçado por deveres sociais e familiares onde, muitas vezes, tem gente gargalhando, bebendo, contando anedotas.
Mas o velório representa as horas que sucedem ao desencarne e que são importantes para o recém liberto. Há técnicos que se aproximam do desencarnante promovendo com recursos magnéticos, sua liberação.
Somente pessoas muito evoluídas dispensam esse concurso. O companheiro desencarnado pede, sem palavras, somente um pensamento bom. A Doutrina Espírita esclarece que se no caixão está o corpo, pode muitas vezes o Espírito estar ao lado.
Vejamos uma história que irá ilustrar o que estamos dizendo. Fato presenciado por uma médium vidente e audiente.
No velório, no meio de muita gente, uma mulher grávida; o feto pulsando no seu ventre. A médium percebeu o diálogo tranqüilo do Espírito desencarnante com o Espírito ligado do feto.
A conversa entre o que já foi - o recém-desencarnado e o que está para vir - o que vai reencarnar. Disse o Espírito ligado ao feto:
"- Quantas coroas, quanta gente, quanta saudade. Você foi realmente um homem bom.
É... vivi bastante, respondeu o Espírito dono do corpo morto...
Está cansado? 90 anos é tempo demais não?
Passa depressa, e você quando vai começar?
Em poucas semanas. Veja ali meu corpo na barriga da mamãe.
Sente medo?
Um pouco, não sei se vou ser forte para ser bom.
Entendo. E infelizmente nada te posso ensinar, o seu mundo vai ser muito diferente do meu e ainda que não houvesse um século nos separando eu ainda não teria o que dizer.
O que não entendo é porque todos estão chorando por você; veja estão fechando o caixão, as pessoas se despendem e choram mais forte.
Elas estão chorando porque se sentem muito pequenas diante da morte e me amam e é terrível pensarem que eu estou lá dentro indo para debaixo da terra. Elas não sabem que só a embalagem está no caixão.
É... choram quando deveriam agradecer porque sua dor acabou e vão sorrir quando eu nascer quando deveriam chorar. Não devem sorrir e sim encorajar você diante do grande desafio que é a vida.
E o desencarnante segue rumo a outras esferas e o Espírito unido ao feto continuou do lado da sua futura mãe esperando a sua hora de renascer."

Léon Denis diz ainda:

"O cerimonial religioso, em uso, pouco auxílio e conforto dá, em geral, aos defuntos. Os assistentes dessas manifestações, na ignorância das condições de sobrevivência, ficam indiferentes e distraídos, É quase um escândalo ver a desatenção com que se assiste a uma cerimônia fúnebre. A atitude dos assistentes, a falta de recolhimento, as conversas banais trocadas durante o velório, tudo causa penosa impressão. Bem poucos dos que formam o acompanhamento pensam no defunto e consideram como dever projetar para ele um pensamento afetuoso."

André Luiz chega a dizer, que "felizes são os indigentes, porque são velados nas câmeras dos institutos médico-legais", porque o velório e o sepultamento são quase sempre, mais um motivo de sofrimento para o desencarnante.
O pensamento elevado, e sobretudo a prece sincera são de inestimável valor para o equilíbrio do desencarnante.
Allan Kardec afirma que o melhor presente que podemos dar a um ente querido que partiu é orarmos sinceramente em seu benefício:

"As preces pelos Espíritos que acabam de deixar a Terra têm por fim, não apenas proporcionar-lhes uma prova de simpatia, mas também ajudá-los a se libertarem das ligações terrenas, abreviando a perturbação que segue sempre à separação do corpo, e tornando mais calmo o seu despertar." [ESE-cap XXVIII it 59]
 
ESTRUTURA PSICOLÓGICA
Será de grande valor, na recuperação plena do desencarnante, a sua estrutura psicológica, ou seja, o controle que ele exerce sobre as suas emoções, a atitude íntima de fé e tranquilidade. O medo, a angústia, a impaciência, reduzem o padrão vibratório do desencarnante, dificultando a assistência dos Espíritos bons. A educação para "bem morrer", pressupõe um exercício constante de auto-controle em reação as emoções e a maneira de ser, pensar e agir.
A CONDIÇÃO MORAL
Allan Kardec assevera:

"A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusiva e unicamente à vida e gozes materiais."
"Quanto mais o Espírito estiver identificado com a matéria, mais sofrerá para separar-se dela."

As informações vindas do Mundo Maior são unânimes em afirmar que a morte nada tem de dolorosa para o homem de bem. É, apenas, um suave despertar, junto a presença amorosa dos entes queridos que o precederam no Além.
A prática do bem e a pureza de consciências são os mais eficientes antídotos contra a perturbação que acompanha a morte e são os fatores mais decisivos na plena e tranqüila recuperação do desencarnante.

ATITUDES PERANTE A MORTE E O MORTO
Uso de velas
Não tem nenhum significado para o espírita. Apenas dão à morte um aspecto mais lúgubre.
"O espírita não se prende a exterioridades"
"Dispensar aparatos, pompas é encenações nos funerais de pessoas pelas quais se responsabilize, abolir o uso de velas e coroas, crepes e imagens." (André Luiz)
Cremação de Cadáveres
Emmanuel aconselha esperar-se 72 horas para efetuar-se a cremação, pois morrer não é libertar-se, a cessação dos movimentos do corpo nem sempre é o fim do transe.
"Aprende o bem viver e bem saberás morrer." (Confúncio)
Viver bem para morrer bem, pois, o que seria pior? Ser consumido pelas chamas ou pelos vermes?
Choro na Hora da Morte
"Resignar-se ante a desencarnação inesperada do parente ou amigo, vendo nisso a manifestação da Sábia Vontade que nos comanda os destinos."
"As lágrimas aliviam, entretanto, a atitude do espírita deve ser de compreensão e oração."
O Sepultamento
"Aproveitar a oportunidade do sepultamento para orar, ou discorrer sem afetação, quando chamado a isso, sobre a imortalidade da alma e sobre o valor da existência terrena." (André Luiz)
Dois de novembro
Comemoração aos mortos concebido por um abade beneditino em Cluny na França há quase mil anos. A Doutrina Espírita não comporta em sua prática doutrinária a fixação de datas especiais. Para o espírita todos os dias são "dos mortos" e "dos vivos" e devem ser bem vivenciados.
Visita ao cemitério

"A visita ao túmulo proporciona mais satisfação ao Espírito do que uma prece feita em sua intenção?
"A visita ao túmulo é uma maneira de se manifestar que se pensa no Espírito ausente, é a exteriorização desse fato. Eu já vos disse que é a prece que santifica o ato de lembrar; pouco importa o lugar, se a lembrança é ditada pelo coração." [LE-qst 323]
O intercâmbio com os Espíritos é feito pelo pensamento e as almas dos entes amados não estão presas ao túmulo; logo que possível (muitos nem chegam lá), se afastam dos cemitérios, tendo a considerar que pode ser até que o Espírito já tenha reencarando.
Importa transformarmos o culto da saudade em donativos a asilos, instituições, albergues.

"A saudade somente constrói quando associada ao labor do bem." (André Luiz)

Bibliografia
1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) O Céu e o Inferno - Allan Kardec
3) O Problema do Ser, do Destino e da Dor - Leon Denis
4) Quem tem Medo da Morte - Richard Simonetti
5) Obreiros da Vida Eterna - André Luiz/Chico Xavier
6) Quem tem medo da morte? - Richard Simonetti
7) Velório - Reflexões Espíritas - Autores Diversos
8) Conduta Espírita - André Luiz/Chico Xavier
9) Nas Fronteiras da Loucura - Manoel Philomeno de Miranda
*** Apostila Original
: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG
10) Carlos Lopes. Guia de Perícias Médico-Legais (6ª edição), Porto, 1977

11) Gisbert Calabuig JA. Medicina Legal y Toxicologia (5ª edição) Barcelona: Masson, S.A., 1998

12) Knigth B. Forensic Pathology. (2ª edição) London: Edward Arnold, 1996


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